quinta-feira, 3 de abril de 2014

Sobre o Minimalismo: Consumindo Menos

      Eu tenho o hábito de intercalar minhas leituras. Gosto de entre duas leituras "sérias" ter uma leitura "recreativa" - quando digo leituras sérias me refiro a assuntos que afetam o meu campo de estudo ou profissional (não que sejam necessariamente pesadas ou ruins) e quando digo leituras recreativas estou falando de livros com temas dos quais eu gosto, e que leio mais para me distrair ou até mesmo para me trazer crescimento em algum aspecto da minha vida (moda, culinária, etiqueta...) - que geralmente são leituras bem mais leves.
      Bom, escrevi isto para dizer que a minha última leitura recreativa foi o estopim de uma grande, GRANDE mudança na minha vida. O livro foi 'Madame Charme - Lições de Estilo, Beleza e Comportamento Que Aprendi Em Paris' de Jennifer L. Scott (http://dailyconnoisseur.blogspot.com.br/), onde a autora, conforme o título sugere, divide com os leitores as lições que aprendeu em Paris durante um intercambio de 6 meses, onde morou com a família denominada por ela como 'Charme'.
      Não se preocupem que não vim aqui discorrer sobre moda, arte ou perfumes (embora sejam temas que me agradem muito) mas vim compartilhar com vocês o que pude extrair deste livro que, por alguma razão, mais me impactou: o minimalismo natural do parisiense (queria dizer do minimalismo europeu, mas como não tenho informações suficientes a respeito, preferi não me arriscar). No livro, uma das lições aprendidas citadas pela autora é o guarda-roupa de 10 peças, que, obviamente, consiste em um guarda-roupa construído a partir de 10 peças básicas com a adição de alguns poucos complementos e pronto. A ideia é você ter poucos itens, mas que sejam todos de muito boa qualidade (a melhor que você puder pagar) daí tudo coordena com tudo, e todo dia a roupa que se veste é de boa qualidade (semelhante à ideia pregada por Fernanda e Cristina da Oficina de Estilo, no livro Vista Quem Você É). E as pessoas vivem muito bem assim. Sério, não morrem.
      Outro ponto abordado pela autora que se relaciona a isto é a renúncia ao que ela chama de "novo materialismo", os parisienses, segundo a autora, não estão o tempo todo correndo atrás de coisas novas: tv, computador, móveis, eletroportáteis... eles não entram nessa correria louca atrás das novidades que sempre alegamos precisar, eles curtem muito mais que nós as coisas que tem, e valorizam muito mais o viver a vida do que o comprar. Que loucura, né? A nossa. Sim, este foi o grande clic que este livro me causou. O normal aqui nas Américas é o acumular, o capitalismo nos engoliu de uma maneira tão inebriante que nós somos muitas vezes levados a agir sem ter consciência do que de fato estamos fazendo (não sou socialista). Nossas mentes estão tão ocupadas sendo seduzidas por todo tipo de publicidade e indução ao comprar, querer, precisar, que muitas vezes não refletimos sobre o que estamos fazendo com nossas vidas.
      Depois que minha ficha caiu, fiquei com vergonha do meu guarda-roupa. Abri, e pela primeira vez comecei a olhar para ele tentando o dissociar de minhas emoções, e achei um sem número de peças repetidas com apenas alguns detalhes diferentes que me levavam a comprar 2, 3 peças ao invés de 1, ou nenhuma. Roupas antigas que eu não gosto mais, mas um apego sem sentido me impedia de doar, roupas que já não me caiam bem, roupas já com bolinhas (de desgaste) outras que nem em casa seria legal usar, fora a quantidade de blusas e cardigãs um de cada cor, sendo que eu moro numa cidade quente, litorânea, tropical que nunca justificaria essa quantidade de roupas para o frio. Encontrei roupas também em perfeito estado de conservação que eu só havia usado 1 vez desde que comprei, há mais de um ano, e no fundo eu sabia que não gostaria de usá-las, e eu nem sabia me explicar porque eu havia comprado aquelas benditas peças de roupa. Cintos: 5 cintos marrons, 5 de elástico (oi?) e eu mal uso cinto... Que vergonha!! Por que aquilo tudo? Eu havia roubado a mim mesma! Todo aquele dinheiro gasto naquilo... por quê?
Aquilo tudo estava ocupando espaço não só no meu guarda-roupa, mas na minha vida. Uma outra coisa abordada também pela autora no livro foi sempre o usar o que se tem de melhor, e isso tudo junto faz todo sentido!  Se você só tem o necessário e quando vai comprar se preocupa com a qualidade você tem muito mais probabilidade de conseguir (depois de um clic desse tipo) curtir o que tem, e por ter qualidade as coisas (em geral) vão "estragar" menos e você não vai precisar se preocupar tão cedo em substituir e a vida fica muito mais inteira.
      Gente, isso economiza tudo! Tempo, dinheiro, energia, espaço. Para mim foi a chave para desatar as amarras do consumismo, da necessidade de ter coisas não necessárias. Daí te sobra tempo pra viver a vida, curtir o que tem, curtir as pessoas ao seu redor, curtir se vestir todos os dias, curtir ser você. Você aprende a refinar seus gostos, ser mais seletiva com o que te rodeia, a remover o que é ruim na sua vida para abrir espaço para o que é maravilhoso!
      Assim que isso tudo começou a fazer sentido na minha mente, fui para o youtube pesquisar sobre o minimalismo, gosto de aprender com a experiência de outras pessoas, isso sempre é enriquecedor. E me deparei com coisas muito interessantes, vi por exemplo uma moça que resolveu encarar esse estilo de vida minimalista e com isso focar os "esforços econômicos" dela para viajar: olha que riqueza! Também encontrei pessoas que entraram nessa pois tem uma forte consciência ecológica e quer ter uma vida menos nociva para o planeta, produzir menos lixo e etc, e isso é lindo! Encontrei pessoas participando de um projeto que se chama "333" onde as pessoas escolhem 33 peças do guarda-roupa para viver durante 3 meses, empacotam o resto e embarcam num "test-drive" de um guarda-roupa minimalista. Uma ideia super legal pra quem se identifica com o conceito, mas quem sabe ainda tem medo!?
      Essa experiência para mim foi muito recente e as mudanças continuam repercutindo na minha vida. Isto não poderia ter acontecido em momento melhor na minha vida. Ainda não tenho um guarda-roupa de 10 peças, e nem acredito que chegarei a tanto, mas reduzi drasticamente minha quantidade de roupas e busco pouco a pouco  aplicar estes conceitos em todas as áreas da minha vida. Afinal, pra quê acumular tanta coisa? Há muito mais contras do que prós, não é verdade?
Abaixo vou colocar alguns dos vídeos citados, para quem interessar.



Espero que tenham gostado!
Até a próxima! :*

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